Lamentavelmente, o tema pandemia ainda é algo forte em muitos pacientes autoimunes e eu não fugi muito disso, pois voltar à rotina saudável não foi nada fácil e precisei de muita ajuda.
A pandemia foi, ou é, algo complicado demais e várias situações ocorreram provenientes dela.
Vou relatar aqui um pouco da minha condição no pós pandemia, mesmo não tendo diagnóstico de Covid-19.
Antes, porém é importante levantar alguns pontos importantes sobre síndrome inflamatória
Síndrome Inflamatória
A Espondilite Anquilosante é um tipo de síndrome inflamatória que causa muita dor ao paciente e a Covid-19 também tem essa característica de ser uma síndrome inflamatória.
Uma síndrome inflamatória pode, de alguma forma e em função da inflamação promovida no organismo, despertar outras síndromes inflamatórias.
Em função dessa possibilidade e como estou em remissão da EA, tive a orientação da minha reumatologista para me cuidar, pois não se sabia à época, o que poderia ocorrer com minha remissão. Pra mim, a orientação foi muito clara e precisa.
Parar de uma vez
Eu tinha uma pratica esportiva muito constante nessa época e uma alimentação com alta carga calórica, devido à todo esporte que eu fazia.
O esporte foi possível parar sim, porém a alimentação não se muda da noite para o dia. Agora eu entendo porque muitos ex-atletas aparecem muito gordos após a aposentadoria.
Minhas idas e voltas ao trabalho eram realizadas de bicicleta, percorrendo 25 km todos os dias e eu ainda fazia academia pelo menos três vezes por semana. Além de realizar mountain bike aos finais de semana.
Não consegui me adaptar com a realização de esportes dentro de casa. Tentei, mas me faltou disciplina.
Alimentação
A minha alimentação era totalmente condizente com o meu nível de esportes. Esse parou da noite para o dia, porém a alimentação não e o que pior, eu me desleixei muito com a alimentação, passando a comer totalmente desregulado e sem nenhum balanceamento alimentar.
Dessa forma, continuei a comer como se fosse o esportista de antes e o gasto calórico não existia mais. O resultado dessa combinação desastrosa foi o excesso de peso. Ganho de 14,9 kg ao todo.
Deixei de ser saudável
As consequências desse ganho de peso, alinhado à uma vida totalmente desregulada e sem esportes, começaram a aparecer já em 2022.
Meu corpo estava totalmente acostumado com o sedentarismo, ao excesso de comidas e bebidas. Inclusive me alimentando muito mal com altas quantidades de carboidratos e proteínas do leite.
As rotinas médicas já comeram a me incomodas, pois os médicos criticavam meu excesso de peso e o meu sedentarismo. Tinha vontade de nem voltar ao médico mais.
Dormir já não era uma atividade tão fácil mais, pois a fadiga e a insônia já eram constantes na minha rotina, me levando ao estresse com facilidade e, consequentemente, às crises dolorosas.
Resultado desse tempo complicado
Foram tantos os efeitos que é até difícil falar de cada um deles, embora o conjunto da obra tenha me levado à sentir muitas dores e até mesmo ao início de uma síndrome do pânico.
- Fadiga aumentada
- Má qualidade do sono
- Estresse
- Dores constantes
- Brigas sem motivos
- Remorsos
- Aumento do sentimento de culpa
- Insônia
- Pensamentos negativos
A lista acima é a receita de uma péssima vida.
O corpo gritou por socorro
Os puxões de orelha por parte dos médicos começaram a aumentar cada vez mais: cardiologista, reumatologista, clínico geral.
Tentei voltar ao ciclismo e treinamento funcional, porém não estava fácil com o excesso de peso que eu estava e com o corpo adaptado ao sedentarismo.
Começaram a aparecer mais dores à medida que eu tentava voltar aos esportes. Parecia que tudo conspirava contra. Tive aumento das dores na lombar, surgimento de dores nos joelhos que mal me deixavam subir ou descer escadas e uma extrema dificuldade para realizar as atividades físicas. Confesso, com vergonha inclusive, que eu tinha dificuldade para amarrar os cadarços de meus tênis.
Aí foi a hora que, verdadeiramente, a vida me deu um puxão de orelhas.
O grande puxão de orelhas
Em função das dores no joelho direito que já não me deixa nem mesmo subir ou descer uma escada, fui procurar ajuda profissional de um médico ortopedista.
Na primeira visita, pediu um Raio-x e um achado estranho o fez me encaminhar para um ortopedista oncologista. Ai meu Deus!
Meu mundo desabou e eu fiquei totalmente sem chão. Foi aí que tudo mudou pra mim.
Descartada tal suspeita e mais uma vez a crítica sobre a obesidade e sedentarismo, resolvi que era a hora de mudar de vida.
Mudança de atitude
O primeiro passo que dei, foi realizar exercícios de menor intensidade e esforço. Buscando recuperar um pouco de força.
Somente o esporte não seria o suficiente e então busquei o apoio de uma nutricionista funcional para me ajudar na redução de peso e orientação nutricional.
Com isso, passei a me alimentar melhor e com uma adequação alimentar ao meu processo atual.
À medida que ia perdendo peso, comecei a intensificar os exercícios físicos. O treinamento funcional e o pilates me ajudam no fortalecimento muscular e na estabilidade e flexibilidade corporal e a bicicleta o exercício aeróbico que parei de fazer passeio de bike e intensifiquei um treinamento.
No início, o percurso que faço como treino que é composto por, aproximadamente, 31 km era concluído com 2:20 h. Atualmente, esse mesmo trajeto é realizado com 1:30 horas. Uma evolução incrível!
Com esses ajustes em minha vida, no dia 11/10/2023, voltei ao peso que eu tinha antes da pandemia. Perdendo, em pouco menos de quatro meses 14,250 kg.
Não foi Fácil
Sair de uma rotina que me deixava doente e começar uma rotina saudável, foi muito difícil e dolorosa.
O organismo se adapta à rotina e ao sedentarismo, assim como também se adapta à rotinas saudáveis.
Tive que lutar muito contra vários motivos e fatores que me impediam de voltar à rotina esportiva e alimentar que tanto bem me fez e faz.
Embora com todas essas dificuldades, sempre tive o incentivo e ajuda de várias pessoas, rede de apoio pessoal, que me motivam diária e constantemente.
Resultados
Abandonar a rotina que me deixa doente, me trouxe vários benefícios, tanto físicos quanto mentais. Alguns deles são:
- Alívio das dores
- Fim da fadiga
- Melhoria na qualidade do sono
- Maior vontade de fazer exercícios
- Aumento da produtividade
- Diminuição da irritabilidade
- Melhoria da saúde mental
- Maior satisfação comigo mesmo
- Redução de mais de 10% de gordura corporal
- 28/06/2023: 35,8%
- 27/09/2023: 24,8%
- Do dia 27/09 até 12/10, perdi mais de 2 kg e a próxima médica será somente em novembro
A remissão é o maior objetivo e benefício na jornada do paciente autoimune. Apesar de não ser fácil conseguir a remissão, mantê-la é uma condição que também carece de muita disciplina, força de vontade e determinação.
Eu optei por viver intensamente a vida e não a dor!